550. #SpeedUpSongs
Publicado em 24/08/2023.
Uma das expressões artísticas mais adaptáveis aos tempos é a música, que de geração em geração apresenta nuances da sociedade e grupos que as consome em alta escala.
O reflexo da geração atual se apresenta de maneira intensa na utilização do TikTok, o qual revolucionou o mercado fonográfico com o uso da música de maneira diferenciada para vídeos curtos, e para um momento mundial onde todos possuem pressa e se entediam com facilidade.
Como resultado deste comportamento mundial e cibernético, nasceram elas: as Speed Up Songs.
Vamos entender melhor?
Comumente chamadas como Sped Up Songs, que é o particípio passado do verbo speed up (“acelerado”, em português), é reflexo de uma nova geração. Músicas preexistentes ou produzidas de maneira em que a velocidade acelerada já é considerada desde o momento de sua criação.
Também conhecida como Speed Up Songs (com um “e” a mais), essas músicas, por muitas vezes, são aceleradas em até 3 vezes de seu BPM original, o que pode trazer, inclusive, a consideração de ser uma música mixada por algum DJ. Mas nem sempre é o caso.
Essa prática não é nova, mas a sua forma de produção sim, porque originalmente esse resultado final era adquirido pelo manuseio analógico de DJ’s sobre suas controladoras enquanto mixavam a música ao vivo em uma festa ou evento. Agora, ela já é produzida sendo pensada dessa maneira, de forma que encaixe em vídeos de alta energia no TikTok, e que seja consumida pela atual geração de jovens que não se engaja com músicas mais lentas, que precisam constantemente de estímulo sonoro e visual para que fiquem ao menos 1 minuto consumindo um conteúdo, por exemplo.
Este consumo e desejo têm impactos interessantes na sociedade, de maneira que foi possível observar o retorno de grandes sucessos dos anos 80, 90 e 2000 com essa nova roupagem, e claro, dentro do contexto da versão anexada ao visual no TikTok.
O que se pode notar é a abertura para essas músicas que não somente tem seu BPM acelerado, mas também a tonalidade, se tornando mais agudas e de maior alcance de público, uma vez que as músicas de tonalidade mais alta impactam o público com energia mais elevada, mais pop.
Uma faixa que originalmente era triste pode se transformar em algo mais animado e vice-versa.
Um dos pontos delicados dessa prática é que por muitas vezes há alteração sobre as músicas sem a autorização do autor original, apresentando uma nova roupagem sem nem sequer haver um consentimento do criador.
Considerando que o remix e aceleração da canção pode transformá-la de maneira drástica em seu significado e sentido final, isso pode se tornar um ponto extremamente delicado em questões éticas e de direito autoral.
Com equilíbrio é possível utilizar essa ferramenta como um adicional para produtores musicais, mas é necessária consciência de seus efeitos e o que estamos trazendo para a sociedade de costume sonoro, podendo vir a trazer complicações no futuro, caso não seja manejado com cuidado.
Quer saber mais?
Este tema também foi abordado pelo produtor musical Apollo Nove, em nossa Revista Abramus #47.
Confira a matéria na íntegra aqui.
551. Abramus defende pagamento de direitos autorais a músicos acompanhantes e arranjadores
Publicado em 24/08/2023
Roberto Corrêa de Mello, diretor-geral e CEO da Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus), participou na tarde desta quarta-feira, 23 de agosto, de audiência pública promovida pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, sobre a necessidade de atualizações na Lei de Direito Autoral.
Mello, que também representou a Associação Brasileira de Direito Autoral (ABDA), em que é presidente, defendeu a obrigatoriedade do cadastramento de músicos acompanhantes e arranjadores (direitos conexos) em fonogramas.
Também esteve presente na audiência o coordenador da unidade Abramus Brasília, e membro do Comitê Gestor da entidade, Ronald Bezerra de Menezes Neto.
O requerimento para a realização do debate foi apresentado pela deputada Lídice da Mata (PSB/BA), relatora do Projeto de Lei 5542/20, que garante pagamento de direitos autorais a músicos acompanhantes e arranjadores.
A íntegra da audiência pública está disponível no site da Câmara dos Deputados: https://www.camara.leg.br/evento-legislativo/69002
552. Pagamento de AGOSTO disponível!
Publicado em 28/08/2023.
O pagamento de AGOSTO já está disponível!
Confira as rubricas contempladas este mês:
Clique aqui e veja as definições das rubricas.
Mantenha sempre seu cadastro atualizado em cadastro.titular@abramus.org.br
553. Uso do sample na música e direito de autor
Publicado em 28/08/2023.
Por Luciano Oliveira Delgado.
O sample vem se difundindo cada vez mais no meio musical, com exemplos diversos nas plataformas digitais, tratando-se da utilização de trechos sonoros de uma obra musical, inseridos em nova obra, de forma cortada ou remixada, tendo sido popularizado pelo hip hop e pela música eletrônica.
O sample ganha mais apelo quando acompanhado de uma coreografia que ganha o público da rede mundial de computadores, sendo comum ocorrer justamente no momento da música em que se utiliza o trecho sampleado. Porém, ao contrário do que alguns simpatizantes da modalidade defendem, deve ser obtida a prévia e expressa licença, sob pena da prática de ilícito, pois se trata da utilização da criação autoral de terceiros. E da Lei autoral nº 9.610/98 não se extrai conclusão diferente, invocando-se os incisos I, III e V do artigo 29:
“Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, tais como:
I – a reprodução parcial ou integral;
II – a edição;
III – a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações;
IV – a tradução para qualquer idioma;
V – a inclusão em fonograma ou produção audiovisual;”
Outrossim, o sample não encontra respaldo em qualquer das limitações (exceções) previstas no artigo 46 da Lei de nº 9.610/98, tampouco na regra dos três passos prevista na Convenção de Berna, até porque como se constata nos inúmeros casos famosos que vem recheando o meio jurídico [1], afeta a exploração comercial da obra originária e prejudica injustificadamente os interesses do autor. Também não encontra respaldo a alegação de que há uma função social no sample, lembrando que compete ao Estado, e não ao cidadão, definir politicas sociais, sendo vedada a autotutela. Contudo, sem prejuízo do todo dito acima, e tão importante quanto a questão patrimonial, devemos ter em mente que o sample pode ferir os direitos morais do autor, cabendo destaque aos direitos de indicação de autoria e o de integridade da obra, a saber:
“Art. 24. São direitos morais do autor:
I – o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;
II – o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra;
III – o de conservar a obra inédita;
IV – o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra;”
Por diversas razões o autor pode se opor a utilização da sua obra musical em ritmo diverso ou relacionado a algum determinado tipo de comportamento e público, que pode, não somente afetar a sua reputação e honra, como a comercialização da sua obra junto ao seu público consumidor. Assim, também em respeito ao direito moral do autor, a licença deve sempre ser obtida, sob pena de responsabilização em perdas e danos que abrangerá o direito patrimonial do titular e o direito moral do autor.
[1] Vide última envolvendo Trecey x Nelly Furtado, com o hit Lovezinho e MC Carol x DJ LK, com o hit Tubarão te Ama.
Luciano Oliveira Delgado é advogado especializado em Direitos Autorais e Propriedade Industrial, colaborador de obras literárias e autor de artigos.
554. Replay de agosto
Publicado em 30/08/2023.
A rede social de vídeos recentemente anunciou o lançamento de um novo app, agora concorrente das plataformas de streaming, com foco na música e trazendo catálogos de diversas gravadoras majors.
Confira na íntegra a notícia.
Foto: Freepik.
É lançado um álbum inédito de parcerias e regravações de obras e canções do célebre Pixinguinha. Essa é a oportunidade de se reconectar mais uma vez com um grande expoente da música brasileira através deste álbum póstumo e bela homenagem.
Saiba das grandes parcerias inéditas aqui.
Foto: Walter Firmo / Acervo IMS.
Uma nova premiação se apresenta para a cena sertaneja: o Prêmio Marília Mendonça. Nada mais justo que uma homenagem dessas, não é mesmo?!
Entre diversas categorias importantes para o nicho musical, e com realização de Fátima Pissara, a homenagem à rainha da sofrência promete um grande acontecimento para o sertanejo e suas revelações.
Que tal conferir? Clique aqui.
Foto: Instagram Oficial @mariliamendoncacantora.
O evento voltado para debates sobre o music business e grandes encontros do universo fonográfico contou com o apoio e presença da Abramus nas rodas de debates. O Formemus ocorre de 30 de agosto (hoje) até 2 de setembro.
Não perca!
O segundo episódio de Conversas Musicais, programa apresentado por Sérgio Martins, está no ar no Youtube da Abramus. Dessa vez os convidados são Thaeme e Thiago.
Assista a entrevista completa aqui.
Foto: Instagram Oficial @thameethiago.
Associados Abramus têm desconto nos ingressos para a nova edição do Trends Brasil Conference. O evento focado em networking, novidades do mercado musical e audiovisual, promete grandes encontros e novidades sobre as tendências do mercado.
Foto: Flyer do evento.
Abramus defende o pagamento de direitos autorais a músicos acompanhantes e arranjadores.
Dr. Roberto Corrêa de Mello, diretor-geral e CEO da Abramus, e presidente da ABDA, detalhou a importância da obrigatoriedade do cadastramento de músicos acompanhantes e arranjadores (direitos conexos) em fonogramas.
Assista o vídeo completo aqui.
O Sintonizado teve a honra de receber a dupla sertaneja Edson & Vinicius. E os cantores e compositores apresentaram o novo trabalho e planos para 2024.
Confira a entrevista aqui.
Foto: Elton Fukuhara.
A Orquestra Sinfônica de São Paulo lança concurso para compositoras de toda América Latina. Com faixa etária livre e diversas temáticas possíveis para abordagem das composições, a Osesp propõe um edital inédito.
Quer se inscrever? Acesse para mais informações.
Foto: Laura Manfredini.
Dexter, o Oitavo Anjo, celebra seus 50 anos de existência e muitas realizações. Conheça a história desse rapper, compositor, ator e empresário de múltiplos talentos aqui.
Foto: Leandro Godoi.
555. Sintonizando com Badi Assad
Publicado em 04/09/2023.
Com seu violão virtuoso, voz envolvente e uma dedicação incansável às questões sociais, ela transcende a mera definição de uma talentosa cantora e compositora sendo, indiscutivelmente, uma autêntica artista da transformação.
Neste bate-papo, mergulhamos profundamente na jornada de vida e carreira dessa ilustre artista brasileira que desenha novos horizontes com sua arte.
1 – Você é conhecida por suas habilidades únicas no violão e por incorporar diversas influências musicais em seu trabalho. Como você começou a explorar essa abordagem diversificada para a música e como isso moldou sua carreira?
Quando nasci, meus irmãos Sérgio e Odair Assad já tocavam violão, e assim, desde quando nasci, fui imersa no universo da música como parte da própria essência da vida. Curiosamente, meus primeiros sonhos artísticos eram voltados para a dança, aspirando ser uma bailarina. No entanto, aos 14 anos, comecei a tocar violão para acompanhar os chorinhos do meu pai, Seu Jorge, e essa experiência acabou mudando o rumo dos meus desejos, levando-me a desejar ser como meus irmãos. Assim, mergulhei profundamente nos estudos de violão e comecei a participar de competições nacionais e internacionais, conquistando prêmios ao longo do caminho. Mas, por volta dos meus 19 anos, uma revelação importante surgiu: percebi que o mundo do violão erudito era o território dos meus irmãos, não o meu. Esse foi um momento crucial em que comecei a questionar quem eu realmente desejava ser e a abrir minha mente para as inúmeras possibilidades que se apresentavam dentro e diante de mim. Com uma natureza curiosa, determinada e destemida, comecei a fundir todas as minhas paixões e interesses. Foi após o lançamento do meu primeiro álbum, ‘Dança dos Tons’ (1989), no qual vários músicos foram convidados para colaborar (a produção ficou a cargo do Sérgio), que um ponto de viragem surgiu. Eu me preparava para realizar meu próprio espetáculo que seria solo, sem aqueles músicos, e foi então que, intuitivamente e com grande dedicação, comecei a imitar todos os instrumentos presentes no disco usando apenas minha voz. Esse momento se revelou como o ponto de partida para uma jornada que mais tarde me rendeu o título, conferido pela crítica norte-americana, de ‘One Woman Band’ (Uma Mulher Banda). A partir desse momento, o céu passou a ser o limite, e essa abordagem multifacetada continua a me guiar até os dias de hoje. Continuo explorando todas as artes que sinto vibrar dentro de mim, seja na música em todas as suas formas e estilos, na dança ou no teatro.
2 – Além de tocar violão, você também é uma cantora talentosa. Como você equilibra e integra suas habilidades vocais com sua habilidade no violão para criar sua música?
A descoberta da minha voz foi um processo gradual. Inicialmente, a utilizei como uma ferramenta para imitar uma variedade de sons e timbres. Naquela época, encontrar aulas que ensinassem essa habilidade era uma tarefa desafiadora, especialmente antes da era da internet. Portanto, minha jornada foi, em grande parte, autodidata. Com o tempo, minha paixão pela exploração vocal cresceu, levando-me a buscar orientação. Decidi me matricular em aulas de canto ministradas por professoras tanto na área erudita, como a Neyde Thomas, quanto na área popular, como a Cláudia Mocchi. Em 1990, tive a oportunidade de participar do musical ‘Mulheres de Hollanda’. Nesse projeto, não atuei como violonista, mas como cantora. Foi uma experiência reveladora que me fez compreender o poder da interpretação. Motivada por essa descoberta, decidi também aprimorar minhas habilidades teatrais, buscando aulas com profissionais como Míriam Muniz e Cristina Mutarelli. Após o término desse musical, senti a necessidade de resgatar a força da minha relação com o violão, que havia diminuído durante os dois anos em que me dediquei ao espetáculo. Para isso, comecei a estudar, interessantemente, percussão, uma escolha que me proporcionou um profundo entendimento da polirritmia. Foi nesse período que percebi a possibilidade de fundir todas as minhas paixões de forma simultânea: violão, percussão, voz e minhas pesquisas artísticas. Além disso, comecei a incorporar movimentos às minhas performances, unindo a expressão corporal à minha música. Essa amálgama de influências e práticas artísticas passou por diversas fases de evolução, onde constantemente busquei novos caminhos para satisfazer minha sede de criação. Hoje, após ter descoberto minha veia como compositora popular, arranjadora e escritora (com o lançamento do livro ‘Volta ao Mundo em 80 Artistas’), meus anseios artísticos continuam a se desenvolver. Recentemente, tenho focado significativamente na arte da interpretação, aprofundando meu entendimento e aprimorando minhas habilidades neste aspecto essencial da minha carreira.
3 – Sua carreira internacional a levou a trabalhar com músicos de diferentes partes do mundo. Como essas colaborações influenciaram sua perspectiva musical e como você vê a música como uma linguagem global?
Sempre sou grata por ter tido o privilégio de compartilhar palcos e gravar com artistas internacionais incríveis. Participar de festivais, ao lado deles, ao redor do mundo também foi uma experiência enriquecedora. Para mim, essas vivências foram como uma escola única, onde intuitivamente absorvi uma infinidade de influências musicais no calor do momento. Mantive minha mente e coração abertos, com as antenas sempre ligadas, permitindo-me incorporar uma variedade impressionante de estilos musicais. Com o tempo, compreendi que, para mim, existem apenas dois tipos de música: aquela que me emociona profundamente e aquela que não. Esse entendimento resultou em um estilo eclético no qual tenho a liberdade de misturar e incorporar diversos elementos, desde que sinta que eles se encaixam em meu universo artístico. Quando seleciono uma música ou uma fusão musical para minha performance, costumo dizer que, durante aqueles preciosos minutos no palco, a compositora daquela canção sou eu. hehe… Quanto à música ser uma linguagem global, disso não tenho dúvidas. Já testemunhei histórias extraordinárias que confirmam essa afirmação. A música é composta por frequências sonoras, e são essas frequências que transcendem as barreiras linguísticas e emocionais, impactando inevitavelmente quem a ouve. É uma manifestação das leis fundamentais da física, e é simplesmente impossível não ser tocado por ela.
4 – Você é conhecida por suas performances envolventes e cheias de energia. Como você se prepara mentalmente e emocionalmente para suas apresentações ao vivo e qual é a sensação que você busca transmitir ao seu público?
O palco tem uma força, para mim, muito mística. Quando subo ao palco, sinto como se estivesse entrando em um templo, um estado de devoção e oração profunda. No decorrer de uma apresentação, eu tenho a possibilidade de explorar os cantos mais profundos do meu ser. A música, sendo uma das atividades que mais estimulam o cérebro, permite que ambos os lados do meu cérebro se comuniquem, abrindo portas para lugares desconhecidos e memórias guardadas profundamente. Por isso, eu não perco uma oportunidade de me entregar totalmente quando estou em um palco, vivendo intensamente todas as emoções que as músicas proporcionam. São emoções que talvez não teria a chance de experimentar em meu cotidiano. Portanto, para mim, essa experiência é também uma forma de terapia. Acredito que, ao mergulhar nessas energias no palco, o público presente na plateia tem a oportunidade de sentir e se conectar a essas emoções, como se estivessem pegando uma “carona” nesse turbilhão de sentimentos.
5 – A tecnologia desempenhou um papel significativo na indústria da música, tanto na produção quanto na distribuição. Como você acha que a tecnologia afetou a forma como os músicos se conectam com seu público e como você mesma incorporou a tecnologia em sua música?
Não há como negar o impacto da evolução tecnológica em todos os aspectos da nossa vida. É como diz a filosofia oriental: “Dentro de cada um de nós, existem dois lobos, o bom e o mau, e cabe a nós decidir qual deles alimentar”. Podemos traçar um paralelo semelhante com a tecnologia, que pode tanto nos beneficiar quanto nos prejudicar. A tecnologia nos oferece inúmeras possibilidades incríveis, mas também tem o potencial de afetar nossas fontes de sustento financeiro, por exemplo. Ela também nos conecta a um vasto universo de opções musicais de todo o mundo, mas, ao mesmo tempo, nossa própria produção musical pode se perder em meio a esse oceano quase infinito de possibilidades. Quanto ao relacionamento com o público, a tecnologia nos permite uma proximidade sem precedentes, o que é fascinante. No entanto, ela também cria ciclos viciosos nada saudáveis, além de pode ser desafiador sair da nossa “bolha” digital para acessar conteúdo que está fora dela. Portanto, é essencial encontrar um equilíbrio entre aproveitar tudo o que a tecnologia oferece e manter nossa conexão com nós mesmos em dia. Eu pessoalmente uso a tecnologia diariamente e sou imensamente grata por tudo o que ela me proporciona. No entanto, reservo um tempo do meu dia para práticas como meditação e estudo das minhas habilidades, bem como cuidados com o meu corpo. Isso me ajuda a manter o equilíbrio e a conexão comigo mesma em um mundo cada vez mais tecnológico.
6 – Sua carreira abrange uma ampla gama de álbuns e composições. Você poderia nos contar sobre um projeto recente ou compartilhar seus projetos futuros?
São 20 álbuns e, em 2024, celebrarei com grande orgulho 35 anos de uma jornada que continuo a percorrer e que não vejo motivo para encerrar – nunca! (risos) Atualmente, estou envolvida em diversos projetos paralelos e próprios que abraçam uma variedade de estilos e colaborações inspiradoras: Participo de uma homenagem às compositoras mulheres, ao lado da talentosa Thaïs Morell de Curitiba; Estou envolvida na gravação de um disco especial em comemoração aos 30 anos do álbum “Olho de Peixe” (de Lenine e Marcos Suzano) em parceria com a Orquestra Mundana Refugi; Também estou imersa em um projeto dedicado à “Músicas Caipira do Mundo”, em colaboração com o músico Carlinhos Antunes. Além disso, tenho o privilégio de ser convidada especial da Orquestra Jazz Sinfônica em São Paulo; Estou escrevendo um novo livro, contando a história e o legado da Família Assad, assim como tenho a visão de criar a Fundação da Família Assad em minha cidade natal, São João da Boa Vista. Estou criando um trio de mulheres cantautoras e violonistas. Aguardem! hehe. Paralelamente estou participando de várias gravações com outros artistas, incluindo artistas novos como Kacá Novais e Fábio Nogara, e outros como o incrível André Abujamra, Claudio Dauelsberg… E, por fim, tenho planos empolgantes para a produção de um monólogo musical-teatral, explorando o arquétipo do curador e apresentando várias histórias de superação, incluindo a minha própria, quando me recuperei da Distonia Focal, uma condição que, na época (1999), os médicos afirmavam ser incurável.
556. As diferenças dos players do mercado da música
Publicado em 06/09/2023.
À primeira vista, o mercado musical pode soar complexo para muitos, mas desvendando a engrenagem e os personagens dessa indústria é possível se mover de maneira orgânica, compreendendo cada pilar e suas funções, para então, tanto você, artista, quanto você profissional da área executiva, possa elaborar estratégias bem sucedidas contando com o player certo na colaboração de sua próxima ação.
Mas o que é um player do mercado musical?
Quem são, e o que fazem?
Bem, este é o assunto do blog de hoje, onde relembramos a matéria assinada por Belinha Almendra, da Revista Abramus #40, para te ajudar nessa.
Vamos juntos?
A expressão “player” é comumente utilizada no mercado de negócios em geral, seja no corporativo, no industrial e até mesmo aqui, na música. A nomenclatura nada mais é do que uma forma de expressar um personagem/empresa/representante que atua no meio dos negócios, seja qual for a natureza deste produto.
Aqui, no caso musical, os players seriam as gravadoras, editoras, distribuidoras ou agregadoras, associações, assim como também colaboradores da área de marketing musical, ou seja, todos que participam do ecossistema musical visando elevar um produto fonográfico ao sucesso, onde todos ganham e participam deste ato de excelência junto ao criador, o compositor da obra.
Mas, agora que sabemos quem são os players e o que são, vamos entender como cada um atua individualmente?
As famosas gravadoras compõem este cenário da indústria, é claro. E em épocas passadas, elas concentravam todos os nichos dentro de uma única empresa.
No mercado de hoje, com a divisão dos setores e colaborações mais frequentes, as próprias gravadoras podem contar com colaboradores e parceiros externos atuando sobre os artistas de seu catálogo.
Mas ainda assim, as gravadoras seguem sendo a base do mercado musical; as principais financiadoras artísticas, donas de infraestrutura de gravação, experiência em marketing e networking extremamente rico.
Em alguns casos, as gravadoras seguem atuando de maneira 360º, escolhendo o repertório do artista, financiando DVDs e CDs, escolhendo capa de disco, produzido, gravando, tendo a própria editora.
Ou seja, o mercado que destrinchamos abaixo são todas as áreas que antigamente eram concentradas na gravadora, ao invés de serem empresas distintas atuando em colaboração.
Mas calma, antes de chegarmos a qualquer conclusão do que é melhor, vamos entender todas as áreas?
Sigamos.
Como falávamos, na época das gravadoras era comum existirem selos para cada nicho musical. Por exemplo: a major EMI atuava do pop ao jazz. Neste caso, era mais que necessário ter um responsável para o pop, outro para o jazz e da mesma maneira para os outros gêneros de atuação da gravadora. Afinal, cada nicho tem suas particularidades e nuances a serem desenvolvidas, certo?
Os selos, ao se destacarem da gravadora e tomarem vida própria, trouxeram essa possibilidade de gravação dos fonogramas de artistas, além de serem guias na busca de playlists e ações promocionais do fonograma.
Toda música precisa de promoção efetiva, não é verdade? Já se foi o tempo em que acreditávamos que uma música poderia virar sucesso apenas por existir.
Nos tempos de hoje, ferramentas como as redes sociais, Google Ads, playlists editoriais são um dos serviços mais requisitados do mercado.
As assessorias de marketing digital também são parte da indústria das grandes players que promovem o artista de diversas maneiras, mesclando até mesmo a carreira musical com a possibilidade de se tornar digital influencer, como uma estratégia para atingir diferentes nichos e trazer uma visão mais publicitária sobre aquele produto imagético e fonográfico que se torna o artista a partir dessa ação. É uma estratégia comum, mas não é a única.
Essa empresa de marketing digital, quando muito bem alinhada com o gestor do artista (seja ele autogestor ou tenha um empresário), assim como com os outros colaboradores, pode elevar a música ao ponto desejado.
Manager, empresário ou gestor são nomenclaturas utilizadas para o responsável pela empresa, o CNPJ do artista e gestão dessa carreira. Assim, como qualquer empresa no mercado tem um administrador das estratégias e visões futuras, esse gestor é quem atua no mercado musical, conectando todas as pontas e colaboradores que irão atuar sobre a carreira do artista, baseado na estratégia elaborada pelo empresário.
Ele responde legalmente pela produção artística e representa o artista em situações contratuais, legais e estratégicas.
As editoras também eram parte das gravadoras no passado, e embora sua independência tenha “avançado”, suas funções seguem semelhantes, porém caminhando junto à tecnologia e possibilidades de mercado.
Editoras musicais são empresas que trabalham em conjunto com compositores e detentores dos direitos autorais para licenciar, divulgar e comercializar suas obras musicais. Quando uma música é editada, significa que a editora musical adquiriu os direitos de publicação da música e é responsável pela sua divulgação e comercialização.
O contrato de edição é um acordo legal estabelecido entre o compositor (ou detentor dos direitos autorais) e a editora musical. Esse contrato define os termos da relação entre ambas as partes, incluindo a duração do contrato, os direitos de exploração da música, as responsabilidades e obrigações de cada parte, bem como a divisão dos direitos autorais e outros rendimentos gerados pela música.
As editoras fazem parte desse ecossistema mais próximo entre a Abramus e Ecad, que são as players mais próximas do produto “obra”, e que operam de maneira mais direta sobre essa parte da criação.
No Brasil, o Ecad é o órgão que desempenha a função de fiscalizar e cobrar direitos autorais de locais que executam música publicamente, como rádios, televisões, casas de shows, estabelecimentos comerciais, serviços de streaming e outros que utilizam música em suas atividades.
Esses valores são posteriormente distribuídos aos titulares dos direitos autorais, com base em critérios estabelecidos, levando em consideração a frequência de execução das músicas, região, tipo de execução, dentre outros fatores.
As associações de gestão coletiva de direitos autorais são organizações sem fins lucrativos, que representam os compositores, intérpretes, músicos, editoras e produtores fonográficos.
As associações, como a Abramus, tem o principal objetivo de defender os direitos autorais dos artistas e representar os interesses dos seus associados. Elas são vinculadas ao Ecad através da gestão coletiva e são responsáveis pela distribuição dos direitos autorais ao titular.
Após a arrecadação dos valores pelo Ecad, os repasses são realizados para as associações de acordo com o Regulamento de Distribuição, e em seguida, distribuídos aos seus respectivos filiados.
A responsabilidade da análise e o monitoramento dos rendimentos do repertório de cada artista é dividida entre a Abramus e o titular, acompanhando as movimentações, até chegar o momento do repasse.
Mas o grande ponto aqui é como as players atuam entre si e a força de cada uma sobre o mercado e sua carreira.
Que tal se aprofundar mais nesse assunto que pode ser a chave para alavancar sua carreira?
É o que Belinha Almeida apresenta na matéria (pág. 40) que esteve em nossa Revista Abramus.
Confira na revista.
557. A função social do direito autoral na música
Publicado em 13/09/2023
A música é um espaço de muitas emoções e feitos para a sociedade.
Isso é fato.
Entre reflexões, propósitos que se criam através desse sonho e paixão, também existe um lado que talvez poucos pensem de prontidão: o lado social do direito autoral.
Esse é um tópico que foi abordado em nossa Revista Abramus, em sua 44º edição, através de João Portela, nosso representante e A&R da Abramus Bahia.
E hoje, vamos abordar este tema de extrema importância para elencar os diversos aspectos e pontos de vista dessa causa.
Vamos lá?
Na matéria, João conta como a música entrou em sua vida através de sua família, em momentos familiares com seus pais e avós, até a música popular brasileira nas rádios, quanto os momentos de vitrola com músicas clássicas. E ter este contato desde pequeno o fez chegar neste momento em que, por mais que tivesse existido a curiosidade de tocar um instrumento, encontrou outras maneiras de atuação dentro da música. Hoje, representante e A&R da Abramus na Bahia, João exerce uma das funções mais nobres dentro da música: obter e gerenciar o retorno financeiro de obras artísticas.
Como diz João:
“Muitas vezes, o autor só tem essa música, esse único patrimônio intelectual para sobreviver. Zelar por isso é gratificante.”
Para além da inserção da música na vida de um ser humano, criação de propósito e muitas vezes, como o caso citado acima, futuro. O setor artístico também se movimenta em torno de ajudar a própria cena de maneira prática.
Alguns destes casos honrosos ocorreram durante a pandemia, onde diversos artistas se encontraram em situação de vulnerabilidade, precisando de cestas básicas, e a Abramus criou duas ações sociais para que houvesse coletas de alimentos para instituições que abrigam artistas.
A primeira delas foi a “Campanha Humanitária Artística”, feita em 2020, onde a Abramus criou e fomentou um leilão virtual e conseguiu arrecadar 32 toneladas de alimentos.
E, a segunda dela, ainda durante a pandemia, a campanha “Percentual Solidário”. Nesta campanha a Abramus entrou em contato com seus principais associados, propondo a doação de percentuais para que fossem revertidos em cestas básicas.
Todas as campanhas da Abramus geraram doações que foram revertidas para instituições públicas e privadas que zelam por artistas musicais em situação de vulnerabilidade.
Ações com essas e todo caminho que a música e o direito autoral rege na vida de um artista, seja ele dono dos maiores percentuais de arrecadação ou um artista iniciante, é um ofício extremamente nobre. Um criador ter a possibilidade e oportunidade de gerar renda, sustentar sua vida e de seus familiares através da arte, das arrecadações de sua própria expressão artística e vivência, é algo de extrema importância e beleza na vida.
Para muitos, é sobrevivência em todos os sentidos.
Ter um sistema regido por leis, processos e grandes profissionais que garantem esse direito e esse funcionamento da área autoral é um grande reconhecimento e retorno, tanto para associações com a Abramus, quanto para toda uma sociedade artística.
Leia mais sobre este tema através dos olhos e palavras de João Portela, que nos inspirou no aprofundamento neste assunto.
558. Sintonizando com Diego e Danimar
Publicado em 18/09/2023
Danimar desenvolveu uma carreira brilhante como compositor, com mais de 2 mil composições gravadas por diversos artistas, como Zezé di Camargo e Luciano, Chitãozinho e Xororó, César Menotti & Fabiano, Chrystian & Ralf, Gusttavo Lima e muitos outros.
Diego é um respeitado arranjador e produtor musical, conhecido por sua criatividade. Ele emprestou seu talento a diversos artistas renomados no cenário musical brasileiro produzindo inúmeras duplas sertanejas e bandas.
Com uma carreira que abrange mais de três décadas, a dupla compartilhou conosco suas experiências, desafios e triunfos ao longo do caminho.
1 – Quais são as principais influências musicais que moldaram o som de vocês?
Na música sertaneja, sem dúvida Léo Canhoto e Robertinho, Matogrosso e Mathias, João mineiro e Marciano, Chitãozinho e Xororó, Milionário e José Rico. Mas tivemos outras influências importantes na música como: Roberto Carlos, e algumas bandas como Nazareth, Bon Jovi, e Beatles.
2 – Qual é a música mais importante ou significativa que já gravaram até agora e por quê?
A mais importante foi sem dúvida a música MOCINHO E BANDIDO, lançada em 1992 pela antiga gravadora Polygram. Era uma época difícil para a gente no começo dos anos 90, já estávamos morando em São Paulo, mas não tínhamos muitas oportunidades, mesmo assim não desistimos e pagamos a gravação desse LP com 11 músicas, incluído a Mocinho e Bandido, cantando na noite paulista. Foi a partir da gravação dessa música, que passamos a ser mais conhecidos no meio musical, como também em muitas regiões do Brasil. Essa música chegou a ficar entre as mais tocadas daquele ano em São Paulo, Rio de Janeiro, algumas rádios de Minas Gerais e no Sul do país também.
3 – Como é o processo de composição das músicas da dupla?
Nossos siscos e CDs, sempre tiveram, em sua maioria, canções românticas. Não só compomos nossas músicas, mas também cuidados de todo o processo. Desde o arranjo, até produção musical e finalização.
4 – Quais são os desafios e as recompensas de ser uma dupla sertaneja no cenário musical atual?
O grande desafio é continuar fiel ao nosso estilo musical, de letra, melodia e arranjos, mas sem perder a qualidade e o contato com a música sertaneja atual.
Por exemplo, na década de 90 as canções chegavam a 4 minutos e 30 segundos de duração, e às vezes até mais. Hoje, o ideal é contar a mesma história com conteúdo e qualidade, em uma música que de preferência tenha até 3 minutos de duração.
A recompensa é cantar a música que gostamos, é continuar a ter prazer em gravar novas músicas e ver a aceitação dos nossos fãs.
5 – Como vocês veem o futuro da música sertaneja? Existem novas tendências ou elementos que vocês planejam incorporar em sua música?
Difícil dizer qual o futuro da música sertaneja. Sinceramente, esperamos que as novas gerações continuem a fazer música pela música. Pensando na qualidade das letras, melodias e arranjos, pensando também na consolidação de suas carreiras, e não somente no resultado imediato.
Nós sempre estamos inovando e colocando novos elementos em nossas músicas e arranjos. Um exemplo disso foi o começo dos anos 90 quando compusemos e criamos o arranjo de “Prazer por Prazer”, gravada por Chrystian e Ralf, “Outra vez por amor”, “Não tenha dúvida”, Eu acabo Voltando” gravadas por Zezé Di Camargo e Luciano. Isso para citar apenas alguns exemplos.
6 – Quais são os planos e projetos futuros para a carreira de Diego e Danimar?
Estamos lançando uma nova música nos próximos dias com a participação dos nossos amigos Gian e Giovani. E também já escolhendo repertório e preparando as maquetes para a gravação do nosso terceiro DVD da carreira.
7 – Como é a relação com os fãs? Vocês têm alguma mensagem especial que gostariam de enviar para eles?
A relação com os nossos fãs é de proximidade, respeito e muita gratidão.
Em 2024 vamos completar 35 anos de carreira. E nesses anos todos, é incrível como nossas músicas tem identificação com o cotidiano das pessoas. Compusemos e criamos o arranjo de “Dois corações e uma história”, uma das mais belas obras da nossa música sertaneja romântica, gravada por Zezé Di Camargo e Luciano. Esse é o mais puro exemplo de como nossas canções tocam diretamente o coração de quem as escutam. É muito verdadeiro o que escrevemos. A mensagem aos nossos fãs é:
“Somos muito gratos pelo carinho que recebemos de todos vocês. Cada mensagem em nossas redes sociais, cada comentário no nosso YouTube sempre nos incentivando, cada abraço e palavra de carinho que recebemos em nossos shows, são motivos para continuarmos a fazer música. Nosso maior objetivo é trabalhar sempre na ideia de cada vez mais superar a expectativa de vocês nossos fãs e amigos com as melhores músicas e o melhor show, com humildade e carinho”.
8 – Quais conselhos vocês dariam para os artistas que estão tentando entrar no cenário da música sertaneja?
Cantar e gravar canções que sejam a sua verdade. Não desistir quando chegarem os primeiros obstáculos. Seguirem firmes e procurarem fazer sempre o seu melhor, que o resultado e sucesso são consequência.
Lembrando que uma carreira se constrói dia a dia e às vezes pode demorar um pouco, mas o resultado vem.