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Sintonizando com Marcelo Mira

Foto: André Leão.

Publicado em 05/03/2023.

O cantor e compositor carioca, Marcelo Mira, é a personalidade da semana do nosso Sintonizando.

Com Influência originalmente na MPB e no samba ouvidos em casa, teve uma mudança de perspectiva ao conhecer o rock que fervilhava em Brasília, quando se mudou para lá nos anos 80.

Incluindo ainda neste caldeirão a “descoberta” de ícones como Gil, Caetano, Djavan, João Gilberto, Clube da Esquina, Tom Jobim, Toninho Horta, Joyce, João Bosco, Elis Regina e outros; o resultado foi uma inspiração musical rica e de várias vertentes.

Daí surgiu a banda Alma Djem, misturando reggae e rock com grande competência e sucesso. A banda acaba de lançar um single (Aeroporto) e está em todas plataformas digitais.

Mira também é compositor de diversos hits que fizeram sucesso com outros nomes importantes da música brasileira como: Falamansa, Natiruts e Wanessa Camargo.

1 – Conta pra gente como foi o início do seu processo artístico?

Acho que o processo artístico começa na infância, de forma inconsciente ainda. Nasci num Rio de Janeiro que respirava música. Minha casa era muito musical, meu pai Alagoano que se mudou para o Rio ainda criança,  era corretor de imóveis, mas na horas vagas um amante do samba. Frequentava as rodas de samba e choro do suvaco de cobra, cacique de ramos, tocava tamborim na bateria da Império Serrano . Já minha mãe era da MPB, todo dia tinha Elis, Bethânia, Alcione, Gil, Caetano, Chico. Quando eu estava de mudança do Rio pra Brasília em 1985, tomei contato com o Rock no primeiro Rock in Rio, que parou a cidade. Chegando em Brasília me deparei com a cena do Rock Brasiliense que influenciava o país inteiro. Vi aquilo muito de perto. Legião Urbana, Capital Inicial , Paralamas do Sucesso, Plebe Rude. Foi aí que decidi aprender a tocar violão com 14, 15 anos. E foi em Brasília que montei minha banda, o Alma Djem.  

2 – Como você escolhe as parcerias para compor?

Sou um cara que adora fazer novas amizades e novos parceiros. Por isso consigo circular em vários grupos de composição. Sei respeitar o que cada um tem de melhor pra dar, mas também sei colocar minhas idéias quando tenho convicção delas. Tenho um grupo com Tato do Falamansa e Zeider do Planta e Raiz que puxa mais pro Reggae, Forró, Pop. Outro mais pro Samba com Rodrigo Leite, Cauique, Diogo Leite e Claudemir. Um que vai mais pro Sertanejo, outro mais Pop.   Fora os parceiros individuais, que são inúmeros. Guga Fernandes, Filipe Toca, Lord Natri, Manuca Almeida, Bibi, Deeplick, Gabriel Elias, são tantos que vou esquecer alguns. Parceria é entrega de almas, gosto de testar uma sessão de composição pelo menos uma vez com todo compositor que conheço. Se as idéias e o santo batem, procuro amadurecer aquela parceria. Se não batem não insisto a segunda vez. Quando sinto que precisamos de uma pausa para reciclar as canções, letras, melodias, damos esse tempo sem problemas. É muito normal essa entressafra. Aí a hora de revisitar parceiros ou grupos que andavam esquecidos. É cíclico. E assim seguimos, compondo o ano inteiro. 

Foto: André Leão.

3 – Você transita não apenas no Reggae, passeia pela Música Popular, Sertanejo, e tem muita ousadia em colocar suas ideias em ritmos diferentes. Isto se dá pelas suas influências musicais? E quais são as suas principais influências?

Além de ter viajado muito com o Alma Djem e conhecido várias culturas, tenho o privilégio de ter morado em 3 cidades importantes do Brasil. Nasci no Rio de Janeiro onde tive contato com o Samba e a MPB, depois morei em Brasília por 18 anos onde conheci mais a fundo o Rock , o Sertanejo, que lá é muito forte pelo D.F. ser dentro de Goiás,  e o Reggae, sendo contemporâneo de bandas como Natiruts e Maskavo. Em Brasília também conheci a Bossa Nova. Lembro de pedir um box com os discos do João Gilberto pro meu Pai. Ele achou um pedido bem estranho pra um cara de 16 anos, mas me deu (risos). Depois mudei pra São Paulo, onde vivo há 20 anos. São Paulo é essa miscelânia musical que vai da música nordestina ao eletrônico, do Hippie ao Hype. Então gosto e consigo me arriscar em diversos gêneros na hora de compor. 

4 – E o Alma Djem? O último lançamento foi o DVD em 2016 “Ao vivo no Lago Paraná”.

O último álbum foi esse DVD sim, um sonho que realizamos de gravar na cidade em que a banda nasceu, Brasília, cantando nossos principais sucessos e convidando grandes amigos como Tato do Falamansa, Armandinho, Alexandre do Natiruts, Lan Lan, Ivo mozart. Quem quiser curtir é só ir no Youtube. Depois do DVD lançamos alguns singles, o último foi agora em 2023, a música Aeroporto,  com a participação do Maneva. Essa é uma música que gostamos e acreditamos bastante. 

5 – Além de ser um compositor de grandes artistas (Cláudia Leite, Jorge e Matheus, Natiruts, Pedro Mariano, dentro outros) e artista independente, músico e produtor musical, agora é também Podcaster (Na Mira do Hit), onde traz um papo leve e divertido com compositores. Conta pra gente esta experiência?

Eu sou apaixonado por Podcast. Ouço no carro, na academia, sou viciado em informação. Sou fã dos que falam de música, mas também adoro os que falam de assuntos que não fazem parte da minha rotina. Acabo usando muita coisa na minha carreira ou nas minhas composições. Mas sentia falta de um papo entre compositores e resolvi criar o “Na Mira do Hit”. Fizemos a primeira temporada em 2022 recebendo grandes nomes como o Gabriel Moura compositor do Seu Jorge, Bozzo Barreti do Capital inicial, William Magalhães da Black Rio, Bibi que trabalhou muito com o Dudu Borges e é um fenômeno entre outros grandes nomes. Agora iniciaremos as gravações da segunda temporada e tem muita gente boa confirmada. É uma ferramenta pros compositores que estão começando, e até mesmo pros mais experientes. Mas é também um ótimo entretenimento pra quem gosta de música e das histórias por trás delas. 

6 – Tem alguma letra de música que você já pensou: “Ah eu poderia ter escrito esta música?” Qual?

Samurai do Djavan pra mim é um casamento perfeito entre letra e música. Chega de Saudade é como uma obra de arte, que quase se materializa. São tantas músicas nesse tesouro que é a música brasileira. Mas essas são duas que me vem à mente primeiro. 

Foto: Cesar Araujo.

7 – Qual seria uma boa dica para quem está começando a compor?

Ache sua própria essência mas saiba também compor em parceria. O bom parceiro(a) te abre a mente, abre sua musicalidade, e abre mais possibilidade da sua música ser gravada por outros intérpretes. Fique antenado em tudo que se passa no mundo e seja curioso com o que já passou. A história é cíclica e se repete. Quanto mais informação, mais canção. 

8 – Quais os seus próximos projetos?

Estou com muitas músicas na gaveta. Quero gravar o máximo possível com o Alma Djem e o que não tiver a ver com a banda quero mostrar pros artistas e produtores. Essas músicas precisam ir pro mundo.  To com muita vontade também de gravar um álbum só com minhas composições em parceria com Manuca Almeida, compositor de Esperando na Janela, que se foi precocemente. Temos mais de 100 músicas juntos. E vamos preparar mais um DVD do Alma Djem. Provavelmente um Acústico.

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