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Sintonizando com Zek

Foto: Diego Nunnes.

Publicado em 11/12/2022.

Por Sérgio Martins.

Sintonize com mais um jovem talento da nossa música em uma entrevista exclusiva sobre as influências musicais de Zek, seus planos para o futuro e sobre como sua família abraçou sua carreira.

José Eduardo Mesquita Kalil, o Zek, 27 anos, nasceu em meio a uma família de grandes incentivadores. Descendente de Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo, que fundou o Museu de Arte Brasileira de São Paulo (Mam), o Teatro Brasileiro de Comédia (Tbc) e companhia de cinema Vera Cruz, entre outros feitos, Zek descobriu seus dotes musicais desde criança, quando mostrava os seus dotes musicais no karaokê. Tempos depois, foi estudar música na Universidade da Califórnia, por onde passaram alunos celebrados como o compositor de cinema James Horner, o cantor e compositor Randy Newman e o saxofonista de jazz Kamasi Washington. De volta ao Brasil, Zek tem desenvolvido uma carreira solo respeitável, na qual trabalha elementos como o R&B, a soul music tradicional e até o sertanejo. Em entrevista para o site da Abramus, ele fala de influências musicais, planos para futuro e de como sua família abraçou sua carreira.

Foto: Diego Nunnes.

1 – Em tuas músicas existe uma predileção pelo o que a gente chama de urban, ou seja, a soul music que traz algumas intervenções do hip hop. Por favor, me explica o que te levou para esse gênero e quais tuas influências?

Sim, eu tenho bastante desse contexto urbano nas minhas músicas, porque eu sou uma pessoa muito urbana, da cidade. Quando penso nas minhas músicas, normalmente, eu penso nesse contexto da cidade. Em relação às referências de estilo, com certeza, hip hop é um deles e adoraria me aprofundar um pouco sobre esse tema. 

As minhas referências sempre foram muito norte-americanas e inglesas, enfim, influências de fora. Além do hip hop, eu tenho muita inspiração no R&B e soul norte-americanos, que também são músicas interpretadas por artistas que eu me inspiro muito e sempre me inspirei, pois têm aquele foco na interpretação e toca a alma mesmo. Eles trazem muito isso com a técnica vocal. Também têm toques de sensualidade, algo que tento trazer para as minhas músicas. Mas, falando de cantores específicos, eu sempre me inspirei muito na Whitney Houston, no Michael Jackson e Justin Timberlake, eles são referências para mim. 

2 – Canções como 6 da Manhã trazem um toque do sertanejo moderno ou de intérpretes que lançam mão do estilo – Jão, por exemplo. Pelo menos até a hora do refrão. Você pretende investir em outros gêneros musicais?

Meu estilo musical não é o sertanejo. Mas gosto muito desse gênero. Eu escuto muito sertanejo, mas minhas músicas, em específico, são pensadas para a questão comercial. Além disso, preciso ter a minha essência nas músicas. Não é o que eu gosto, que eu admiro, o estilo musical que eu mais me identifico, mas existe uma questão comercial que não dá para ser desconsiderada. 

Tento algumas coisas para ver o que funciona melhor nesse equilíbrio, de preservar o que é meu, mas também considerar o comercial. Testamos colocar esses elementos do pagode, do sertanejo e do piseiro. Precisamos chegar nesse equilíbrio.

Foto: Marcelo Augem.

3 – Você descende de uma família que, embora tenha sido célebre no mecenato às artes, era reticente em relação aos seus descendentes seguirem a carreira artística ou mesmo terem um cantor ou astro da TV integrados ao seio familiar. O que você acha que mudou?

Eu me coloco no lugar deles. Eu entendo a preocupação dos pais quando veem que o filho está seguindo uma carreira que não é fácil. Acho super normal os pais quererem e preferirem que eles sigam carreiras mais tradicionais e que tenham mais segurança, não só para o filho como também para eles. No meu caso, sempre soube que eles queriam o meu melhor e que eu estivesse bem feliz independente do que eu estivesse fazendo. Além disso, também tem a questão do talento, já que eu cantava desde criança no karaokê. Naturalmente, eu não sabia exatamente o que eu estava fazendo quando eu cantava, só sabia que a reação das pessoas era diferente e comecei a perceber que tinha alguma coisa ali – mas que deveria ser desenvolvida.

Comecei a me dedicar e se tornou um processo natural dentro da minha família, pois eles também perceberam que eu estava me dedicando para aquilo. Dentro desse processo, tudo foi fluindo e hoje eles são os meus maiores incentivadores. Então, me sinto super sortudo, de ter pais que apoiam a minha a carreira. Mesmo eles sabendo que não é um caminho fácil e que, muitas vezes, demora para que a coisa aconteça, eles continuam me apoiando.

4 – Você é cantor e compositor. Me conte um pouco sobre como é criar músicas para outros intérpretes?

Eu sou o cantor e compositor, mas o processo de composição é feito em equipe. Então, são várias pessoas que participam do processo e, sinceramente, na parte da composição, especificamente, que é a criação da letra, a responsável é minha prima Gabriela Mesquita. Ela sempre fez a maior parte das letras por ter o olhar mais profundo e consegue traduzir muito bem as coisas em palavras. 

Na minha parte, sempre ficou mais na questão melódica mesmo, mas existe uma equipe e cada um pensa numa parte específica. Não sei se algum dia vai acontecer, mas não fiz nenhuma música para outros intérpretes, apenas participei do processo de composição das minhas próprias músicas.

Foto: Diego Nunnes.

5 – Como foi transformar Easy, dos Commodores, numa versão house music para as pistas?

Foi um processo relativamente fácil, pois a música já é fenomenal. É uma música muito boa e que eu sempre gostei de ouvir, além do fato de ser em inglês, que, sempre foi uma facilidade para mim. Hoje, a questão do inglês já está diferente. Venho cantando em português há um tempo, mas sempre que tenho a oportunidade de gravar uma música em inglês fico feliz, porque eu meio que resgato também esse meu outro lado.  Foi super prazeroso gravar essa música, e trazer outros gêneros, pois amo cantar inglês e, principalmente, músicas como essa, que são maravilhosas.

Foto: Marcelo Augem.

6 – Deus Me Free, mistura termos em inglês e português. É algo comum que tenho visto e ouvido no pop dos últimos tempos… Como é isso para você? É normal esse tipo de linguagem no dia-a-dia?
A Deus Me Free é uma das minhas favoritas, pois ela traz elementos que não são óbvios juntos. Eu não costumo misturar inglês com o português no meu dia a dia, foi apenas uma estratégia na música mesmo, já que uma frase que, na verdade, é uma brincadeira, né?  Usamos a tradução que não existe, mas é para ter um significado da frase “Deus me livre”. Utilizamos a curiosidade de criar esse título  para que as pessoas tivessem esse interesse de saber sobre o que essa música falava. Para incluir inglês e português nas músicas, é necessário ter uma estratégia bem pensada, pois pode ficar brega e obviamente não é esse o objetivo.

Foto: Diego Nunnes.

Você estudou música na UCLA (Universidade da Caifórnia) Qual foi o maior ensinamento do teu período de estudos em Los Angeles?

Eu estava insatisfeito com várias coisas aqui no Brasil envolvendo questões pessoais. Precisava me afastar um pouco da minha própria vida para conseguir enxergar melhor as coisas. E isso aconteceu em uma época que tinha certeza de que queria seguir a carreira musical. Mas eu estava com dificuldade de dar esse este empurrão e realmente começar a me dedicar em algo que sempre considerei um hobby.  Fui para Los Angeles para estudar música, que era o meu objetivo. E, na verdade, sendo bem sincero, não era a minha prioridade: o meu foco ter experiência e voltar ao Brasil com a clareza de algumas coisas.  Estava tudo meio confuso em relação ao que eu iria efetivamente fazer da minha vida e acabou que o curso não foi bom. Eu comecei na UCLA achando que ia ser aquela coisa do sonho californiano e que ia viver várias experiências incríveis, mas o curso não era bom: não me identifiquei com as pessoas que estavam fazendo o curso e depois mudei de escola. Ou seja, a parte do curso em si foi meio caos, mas a questão do ensinamento que você pergunta, eu acredito que foi um caos necessário.  Olhando para trás hoje, eu vejo que eu precisei dar essa bagunçada para depois voltar e conseguir enxergar melhor. Quando eu penso no intercâmbio, eu realmente lembro desse momento de clareza e de conseguir expandir a minha visão. Então, passei por uma experiência conturbada em alguns sentidos, mas essa própria bagunça me fez refletir sobre muitas coisas. 

Quando retornei ao Brasil, tinha decidido algo mais sólido na minha cabeça e decidi que eu ia seguir a música. A partir daí, conheci o Eudi e a Alma Music Group e estamos juntos até hoje.

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