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Sintonizando com Thiago Espirito Santo

Foto: Mariana Chiarella

A música instrumental é um ponto alto da expressão musical. Soar de modo que as palavras não se façam necessárias demanda habilidade e principalmente sensibilidade. E o multi-instrumentista Thiago Espirito Santo, dotado de uma técnica refinada, o faz com a simplicidade que a música anseia. Em entrevista exclusiva, ele nos conta um pouco da sua trajetória, trabalhos e musicalidade.


Foto: Paulo Rapopport

O início da carreira musical, quando escolhemos o nosso instrumento ou ele nos escolhe, é cercado pela dúvida: onde estudar? Conservatório, faculdade, escola de música ou ensino particular. Onde foram os seus primeiros passos?

Sou filho de músicos, e desde pequeno tenho lembranças dos ensaios, shows e gravações que meus pais me levavam para assistir. Eu tinha 12 anos quando entrei na escola de música para aprender guitarra, estudei por cerca de seis meses e depois fui para bateria, que estudei por 2 meses, mas não pude seguir com os estudos de bateria, pois morava em apartamento e não tinha como praticar em casa. Logo em seguida escolhi o contrabaixo e me apaixonei. Meu pai me levou para a Groove, escola de música do professor Leyve Miranda, onde estudei por cerca de um ano. Depois disso fiz aulas particulares com Sandro Haick, Tomati, Michel Leme, Djalma Lima e fui me desenvolvendo. Aprendi muito assistindo os shows, vídeo aulas e convivendo com os músicos, por quem tenho um grande respeito e gratidão por mostrarem os caminhos que a música pode nos levar!

Você possui um som muito diferenciado. Quem ouve o seu contrabaixo sabe e sente que só você o tocaria de tal forma. Quais foram as suas influências? E hoje, quem te inspira?

Eu tenho três baixistas que são as minhas maiores influências no contrabaixo, o primeiro é meu pai, Arismar do Espirito Santo, que cresci ouvindo e admirando. Sua forma de tocar o contrabaixo é especial, me emociona e surpreende sempre! 

Em seguida vem o mestre Jaco Pastorius, que adoraria ter conhecido pessoalmente, mas ele partiu muito cedo. Jaco é o meu mentor no contrabaixo, sua forma de tocar é única. O tom do seu instrumento falava diretamente com o meu coração e aquele som mexeu comigo. Decidi que o Jaco seria a minha referência e o mínimo que eu poderia fazer é tocar com a mesma qualidade dele. Não foi fácil realizar essa missão, afinal a música do Jaco é intensa, bela, melódica e sua energia com o instrumento era incrível!  Se tornou o meu maior instrutor, me ensinou a sentir, perceber, tocar com pressão, intenção. Obrigado meu mestre por seus ensinamentos!!!

E finalmente o terceiro e último baixista que mudou minha forma de tocar e enxergar o instrumento, o mago do contrabaixo, Gary Willis. A primeira vez que escutei o Gary foi no show do Tribal Tech, se não me engano foi em 1996. Fiquei chocado!! Eu nunca tinha visto ou escutado alguém tocar o contrabaixo daquela forma, ele abriu a minha cabeça e me mostrou outro horizonte!

Depois daquele dia comprei todos os discos do Gary Willis, e me tornei um estudioso da música dele, onde absorvi muitas informações maravilhosas que trouxe para a minha música!

Hoje em dia a inspiração vem mais da vida, da família, do amor pela vida e pelas pessoas que eu me conecto. Admiro muitos músicos, mas a forma que eu enxergo a música e a vida mudaram muito…(risos) A idade me fez bem!

Além de ser um músico extremamente competente, você enxerga a música e os elementos que a compõem de forma muito singular. O quanto a personalidade do músico, como pessoa, influencia a sua maneira de tocar?

Um dia minha mãe, Silvia Goes, me disse a seguinte frase: “Você é o que você toca, e você toca o que você é!”  Eu era um adolescente que estava começando a estudar música e levei certo tempo para assimilar essa informação, que mais tarde fez todo sentido. Sou extremamente grato aos ensinamentos valiosos que minha mãe me passou ao longo desses anos. Esse lado de compreensão dos elementos que formam a música eu aprendi muito com ela, que é professora de música, arranjadora e pianista. Quando falávamos sobre o aprendizado e desenvolvimento musical ela sempre trazia para o nosso diálogo formas para encontrar a melhor maneira de perceber e compreender os elementos que fazem parte da música. Essas conversas me ajudavam a evoluir, me ensinavam como identificar os elementos e reproduzi-los no instrumento. 

Hoje tenho plena consciência de que essa visão de ensino nos acrescenta muito mais do que o conhecimento musical. O estímulo da percepção desperta o olhar para si próprio, criando exercícios de reflexão sobre a nossa persona e a nossa arte. Essa percepção da música caminha com a percepção da vida. Um verdadeiro estudo de autoconhecimento emocional, psíquico e sonoro. Ele faz com que a cabeça mude, organizando os sons, sensações e emoções, fazendo com que a vida e a música entrem em sintonia!


Foto: Mariana Chiarella

Ao longo da sua trajetória você atuou ao lado de inúmeros nomes da música brasileira. Mas agora, está bem focado na sua carreira solo, o artista Thiago Espirito Santo. Como está sendo essa transição?

Acredito que a carreira é uma construção diária, uma sequência de ações, pensamentos, planejamentos e desejos. Vejo esse processo como uma evolução natural. Faz 27 anos que comecei a minha jornada musical e a cada dia sinto que meus objetivos vêm se alinhando mais com a minha música e o meu público. Toco com amor, dedicação e excelência, e isso é um padrão mental que estabeleci para mim. O respeito e amor que tenho pela música fazem com que o meu trabalho com a arte tenha essa entrega para o público, apresentando algo único, que surpreenda, emocione e comunique. Essa troca vem acontecendo há alguns anos, e a cada apresentação busco aperfeiçoar e reinventar minha arte, para que cada vez mais pessoas possam conhecer e acompanhar o meu trabalho.

O músico moderno é cercado por inúmeras possibilidades. Dos palcos e salas de aula para a internet. Não só o público como também as formas de atuar se tornaram mais acessíveis. De que modo isso tem contribuído para o seu trabalho?

A internet possibilitou a aproximação do público que não vive nos grandes centros, os polos culturais do nosso país, que concentram a maioria dos espetáculos de música, teatro, dança e cinema. Online, o telespectador pode participar, acompanhar e conhecer cada vez mais o trabalho dos seus artistas preferidos, assim como conhecer novos trabalhos! Cabe ao artista saber comunicar e aproveitar as oportunidades de negócios que esse formato nos traz. No meu caso, eu utilizei a minha visibilidade nas redes sociais para promover cursos online, venda de métodos em formato digital e aulas online. As plataformas de streaming também contribuem para que a minha música seja conhecida no mundo todo.

Recentemente, você desenvolveu um trabalho que circulou por diversos festivais: “Thiago Espirito Santo Convida”. Além de uma super banda, esses shows contaram com participações de Raul de Souza, Airto Moreira e Flora Purim, Joshua Redman e Grégoire Maret, entre outros. Conta um pouco mais desse projeto pra gente.

Esse projeto surgiu nas minhas conversas com a Giselle Ventura (empresária) sobre a importância de levar ao público encontros musicais inéditos e quais artistas eu gostaria de convidar para dividirmos o palco. Nesse brain storm surgiram diversos nomes. Alguns eu já tinha contato pessoal e profissional e outros eu apenas conhecia o trabalho, mas não tinha nenhuma ligação. Entrei em contato com diversos artistas e sempre recebi um feedback positivo, onde havia um respeito e admiração mútua, assim como o interesse em trabalharmos juntos. Consegui realizar alguns concertos com convidados como Joshua Redman, Raul de Souza, Nivaldo Ornelas, Mauricio Einhorn, Airto Moreira e Flora Purim. Ainda tenho uma lista grande de parceiros que já contactei e assim que a pandemia terminar e o mercado do show businness retomar as atividades nós retornaremos aos palcos do Brasil e do mundo com mais apresentações inéditas!

Apesar do ano ter começado de forma imprevisível (e muito triste), quais são os seus próximos projetos pra gente acompanhar (e prestigiar, é claro!)?

2020 começou de uma maneira incrível pra mim. Tive trabalhos muito bons e significantes na minha carreira. E quando entramos no período de reclusão social eu fui agraciado por Deus com a chegada da minha segunda filha. Isso me ajudou muito a ver a vida com um olhar positivo e manter a cabeça produtiva. Eu estava finalizando a mixagem do meu novo álbum, que seria lançado no mês de junho desse ano, que infelizmente tive que adiar e ainda não tenho uma data prevista para o lançamento. Esse trabalho novo se chama “LR”, com 8 composições inéditas, na formação de quarteto, com Cuca Teixeira na bateria, Jota P Barbosa no saxofone e Bruno Cardozo nos teclados. Não vejo a hora de retornar aos palcos do Brasil e do Mundo para levar a música que fazemos com esse quarteto! Enquanto não retorno aos palcos sigo com os meus cursos online e também lancei o meu programa “Toque Show com Thiago Espirito Santo”, que é transmitido ao vivo simultaneamente nos meus canais do Facebook e YouTube, segundas e quintas,  as 11 da manhã (horário de Brasília). Nesse programa eu conto com a participação dos internautas, que mandam suas perguntas, elogios e comentários durante o bate papo e interagimos com eles! Estou feliz com esse formato e animado com esse novo projeto! O mais importante é seguir em paz, manter a mente produtiva e positiva, afinal, nós artistas sempre fomos autônomos e tivemos que nos reinventar, e essa é apenas mais uma chance de crescimento e aprendizado. E tenho certeza de que vai passar!


Confira alguns destaques do trabalho do Thiago:

No Big Deal | Thiago Espirito Santo feat. Joshua Redman & Grégoire Maret

Thiago Espirito Santo – fogo baixo, chapa quente

Thiago Espirito Santo | Soul Intro The Chicken

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Foto: Tiago Cardeal

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