Com verdade, forró e devoção, o Sintonizando de hoje recebe Felipe Alcântara, artista paraibano que construiu uma trajetória marcada pelo amor à cultura nordestina — refletida na musicalidade contagiante do forró e nas histórias que inspiram suas composições.
Vivendo uma nova fase, Felipe amplia seus horizontes e se prepara para lançar o EP “Daqui pro Céu”, nascido de uma profunda experiência no Círio de Nazaré. O projeto representa uma nova etapa em sua jornada, unindo a essência do forró a mensagens de espiritualidade e devoção.
O trabalho traz a faixa “Me Levanta e Me Faz Caminhar”, que estreia nessa sexta-feira, 07 de novembro, e promete emocionar e inspirar, reafirmando a capacidade do artista de conectar cultura e sentimento.
Vem sintonizar com Felipe Alcântara!
A música nordestina é conhecida por sua riqueza e diversidade. Para você, que elementos são indispensáveis para capturar a verdadeira essência desse gênero?
Para mim, o DNA da música nordestina consiste na verdade das mensagens, no sotaque do que é cantado e no timbre do que é tocado. O tempero da música nordestina é muito saboroso e, independentemente do ritmo, dos instrumentos utilizados ou da canção que é tocada, quem ouve sente a verdade e a origem de tudo.
Pode ser um baião, um xote, um rock, uma sanfona, um zabumba, uma guitarra ou um violão — cada som carrega a verdade, a criatividade e a essência do povo nordestino. Eu amo essa mistura e busco contribuir com ela do meu jeitinho.
Seu lançamento “Daqui pro Céu”, traz uma mensagem forte ligada à fé católica e o ritmo do forró. Como nasceu esse projeto e o que te motivou a criar essa combinação tão especial?
Desde a experiência com Deus que transformou a minha vida, após a morte do meu pai, comecei a me questionar sobre o que fazer com os talentos que Ele me confiou — e a música é um desses talentos.
Na época, eu cantava na banda Os Gonzagas e, ao mesmo tempo em que compunha muitas músicas para a banda e outras de caráter popular, também escrevia canções em momentos de oração, em visitas ao Santíssimo Sacramento e em momentos de intimidade com Deus. Ao sair da banda, comecei a refletir se continuaria fazendo forró ou se mergulharia de vez na música católica — mas eu não sentia que era o tempo certo. Depois de alguns anos, durante uma experiência no Círio de Nazaré, em 2023, em Belém do Pará, onde fui convidado a cantar durante a procissão, vivi algo profundo: experimentei cantar para Deus, e aquilo virou uma chave no meu coração.
Voltei para João Pessoa refletindo sobre tudo o que vivi e compus a música “É Círio, Bendito Encontro”, que viria a ser gravada no ano seguinte e se tornou uma das canções-tema do Círio de 2024. No show de abertura desse mesmo ano, senti novamente aquele desejo ardente de cantar para Deus. Depois do Círio, recebi o contato de uma produtora amiga, Tayana Santos, que me disse: “Quero ver um trabalho gravado daquele Felipe que eu vi cantando para Deus — e não o Felipe do forró.”
Aquele convite foi a gota que faltava para a semente germinar. Então, dentro de mim, disse a Deus, assim como Pedro: “Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que te amo.” E assim comecei a seleção do repertório do EP “Daqui pro Céu”, que estreou com o single que dá nome ao trabalho — e, em breve, virá a próxima canção: “Me Levanta e Me Faz Caminhar”.
Quais artistas, tanto do forró quanto da música católica, te inspiram hoje?
Essa pergunta é sempre difícil de responder, porque recebo influências musicais de todos os lados. No forró, tem Dominguinhos, que além de um músico excepcional, me inspira muito como pessoa, e Elba Ramalho, que sempre me ajudou muito na caminhada artística e como artista católico que canta música popular.
Além das influências do forró, tem Djavan e sua genialidade musical; Seu Jorge, com sua brasilidade e swing; Charlie Brown Jr., com seus timbres e letras; e Natiruts, que, assim como o Charlie Brown Jr., fizeram parte da minha formação musical — principalmente por me conectarem ao surf, um esporte que pratico até hoje.
Na música católica, tem o Frei Gilson, que sem dúvidas é um dos que mais ouço e que mais me ajuda a rezar hoje em dia, além de artistas como Davidson Silva,Ziza Fernandes, Maninho, Eros Biondini, Celina Borges, Colo de Deus, entre outros.
Quais são seus próximos passos? Podemos esperar mais projetos nessa mesma linha?
Os próximos passos a Deus pertencem, mas afirmo, com toda certeza, que este projeto tem ecoado de forma muito profunda em meu coração. A cada contato com ele, sinto-me mais dentro daquilo que devo fazer. Tenho buscado viver o que São Josemaria Escrivá nos aconselha: “Cumpre o pequeno dever de cada momento; faz o que deves e está no que fazes.” Ao viver esta fase, sinto-me profundamente alinhado com o que Deus me pede e, sendo assim, espero que este seja apenas o primeiro de muitos projetos nessa mesma direção.
Como você avalia sua parceria com a Abramus? De que forma a associação tem contribuído para a proteção das suas obras?
Eu me sinto muito seguro a cada lançamento e a cada nova composição gravada por outros artistas, porque a Abramus está sempre por perto, tirando minhas dúvidas, apontando os caminhos e mostrando que nós, compositores, temos a quem recorrer.
Fico feliz por poder contar com a Abramus e espero, de coração, que possamos realizar muitos projetos juntos — e que muitas das minhas músicas ganhem o mundo!