Da cena independente ao destaque do rap nacional, o Sintonizando de hoje é com Bradóck!
Com autenticidade e garra, o artista vem consolidando seu espaço e apresenta “Vida de Freestyle”, seu álbum de estreia — um retrato intenso de sua trajetória. Viabilizado com esforço próprio, o projeto carrega um lirismo afiado que transforma vivências reais em rimas cheias de propósito.
Na jornada até o lançamento de seu disco, cada conquista foi reinvestida nesse sonho, mostrando que, para Bradóck, a arte é mais que expressão: é compromisso e resistência. O resultado é um trabalho que pulsa verdade, emoção e entrega.
Com sua arte, Bradóck inspira, fortalece e prova que a autenticidade, quando aliada ao talento e à determinação, é a arma mais poderosa de um artista.
Vem sintonizar com Bradóck!
Para começar, pode nos contar como foi o processo de criação por trás do seu álbum de estreia “Vida de Freestyle”?
A criação do álbum “Vida de Freestyle” começou no dia em que decidi arriscar tudo pelo meu sonho e saí do meu trabalho de carteira assinada. Tomei essa atitude com fé e, graças a Deus, na mesma semana vim a conhecer o produtor Losk Beats, que gostou das minhas músicas e acreditou no meu talento. Formamos uma parceria que deu muito certo e, a partir desse momento, gravamos a primeira faixa do disco.
Meu álbum de estreia foi feito com muito suor, muita força de vontade e fé em Deus. Eu, como artista independente, tive que trabalhar por mais de 16 horas durante incontáveis dias no Uber para conseguir recursos financeiros e tirar esse projeto do papel. Demos o primeiro passo em março de 2024 e, com calma e paciência, toda quarta-feira eu seguia para o estúdio para produzir uma canção, até setembro de 2025, quando chegamos aos 100%.
Na estratégia para chamar atenção para o trabalho, fiz um feat com um artista internacional chamado Lauty, que mora em Buenos Aires, e resolvi fazer uma viagem para lá na cara e coragem para gravar um clipe fora do Brasil. Com muita raça e crença em Deus, deu tudo certo, e com isso realizamos o maior passo da nossa carreira até agora. Essa é só uma parte da história por trás do álbum.
Como começou sua relação com a música e com o rap? Sempre foi um sonho seguir essa carreira ou aconteceu naturalmente?
Meu vínculo com a música começou em 2008, andando pela comunidade do Canal, onde nasci e fui criado. Escutei Racionais MC’s tocando nas caixas de som de um bar. Mesmo pequeno, com apenas 7 anos, a melodia chamou minha atenção e fui procurar saber quem era.
A canção era “Vida Loka parte II”, do Mano Brown, e foi ali que tudo começou. Em 2012, eu brincava na escola de fazer batalhas de rimas no freestyle com os amigos. Assim, tudo fluiu naturalmente e, quando vi, já estava escrevendo meus pensamentos, que viraram versos e depois se tornaram obras musicais.
Quando você compõe, qual é a mensagem central ou o sentimento que você faz questão de passar para o público?
Por eu ser um “pobre louco sonhador”, procuro sempre trazer nas minhas letras a força do menor do gueto, que, mesmo com todas as dificuldades e barreiras, se mantém firme e forte pelo que acredita e nunca desiste de seus objetivos e sonhos.
Almejo trazer na minha poesia a verdade do coração, para conseguir me identificar com todos que escutarem, independentemente da idade. Trago histórias reais, coisas que vivi e vi por onde andei. Acredito muito no poder da palavra e sei o quanto isso pode salvar alguém que está no fundo do poço.
Da época das batalhas de rima até agora, quais foram os maiores desafios enfrentados na sua carreira? E o que aprendeu nesse caminho?
As batalhas de rima me ensinaram que você nunca perde, você sempre aprende, e que se o seu talento for grande, você deve manter sua humildade maior ainda. Como dizia Sabotage, “a profissão exige calma”, então cada degrau é muito importante. A rua me ensinou que é Deus e família em primeiro lugar, sempre.
Em relação ao rap, já enfrentei algumas situações em que tive que parar e pensar qual direção seguir. Desde os meus 12 anos, eu já fazia meus corres para conseguir um trocado. Quando fiz 18 anos, me vi entre o sonho e a realidade e, infelizmente, tive que ir pela realidade: assinei minha carteira e deixei meu desejo de lado por longos 3 anos, período em que passei por muitos momentos difíceis, mas que hoje sei que foram necessários para me tornar mais forte e preparado para tudo.
Para você, como tem sido a sua experiência com a Abramus?
A Abramus surgiu no momento certo na minha vida. Fiz um show na Expo Favela, na Cidade das Artes, e no final dele a Ana Machado veio até mim e deixou seu cartão de contato. Guardei com carinho e sabia que iria chegar o dia de ligar. Quando cheguei aos 50% do álbum, mexendo na gaveta, encontrei esse cartão e fiz contato. Novamente, fui muito bem recebido pela Ana e tive a certeza de me associar à Abramus e lançar meu álbum sob sua proteção.
Estou muito satisfeito com a cobertura que ela me ofereceu. Como artista independente, tive toda a atenção, e acredito que todos deveriam procurar por isso. Mais uma vez, obrigado pela oportunidade e tenho muita fé que o álbum e nossa parceria já são um sucesso!